A  busca  pelo Budgerigar ideal sempre foi uma obsessão para os criadores em todo mundo, independentemente do seu conhecimento técnico ou da sua condição financeira . O modelo do “Showbird” vem evoluindo de forma impressionante , desde o início da criação voltada ao aprimoramento genético, até os dias atuais .

Quando confrontamos as imagens desses diferentes modelos através dos tempos fica realmente difícil de se imaginar que os budgerigars atuais sejam a mesma espécie nativa da Austrália , o Melopsittacus Undulatus .
Aqui no Brasil essa busca não foi diferente e mesmo estando muito distantes geograficamente da Europa e da evolução à qual o budgerigar vinha sendo submetido, a paixão em reproduzi-los e a vontade em aprimorá-los quanto à sua “forma” era exatamente a mesma .

A princípio, a grande variedade de cores e a docilidade da ave criada em cativeiro fez com que o budgerigar se tornasse muito popular, mesmo em um país onde já existia uma riqueza muito grande na diversidade de espécies nativas de psitacídeos, como no Brasil .
Passaram-se muitos anos desde o início do processo de seleção genética, onde se buscavam basicamente exemplares com um tamanho maior , até o modelo atual , onde a qualidade de penas e a proporção de medidas são preponderantes .

Quesitos estéticos importantes foram sendo atribuídos gradativamente à espécie durante esse processo seletivo ,  como por exemplo o direcionamento lateral das penas da cabeça, e que acabaram resultando num aspecto visual muito diferente nos últimos anos .
Acredito que essas mudanças estejam intrínsecas ao processo de seleção do tipo de penas, quanto à sua textura e comprimento .
A possibilidade de trazer o patrimônio genético da Europa continental para o Brasil foi um passo muito importante nesse processo evolutivo  e,  mais especificamente , nos últimos dez anos , a introdução do patrimônio genético das aves de Daniel Lütolf foi realmente marcante na mudança do Showbird brasileiro .
As diferenças estruturais obtidas na “forma” das aves e na qualidade de penas foi extremamente significativa .
Naturalmente, os criadores que já vinham desenvolvendo um trabalho seletivo ordenado e consciente,  obtiveram mais rapidamente esses resultados , no entanto , as qualidades agregadas  foram muito evidentes , possíveis de serem identificadas muito precocemente , já nos filhotes ainda nos ninhos , pela textura de penas extremamente macias .

Características como direcionamento das penas da cabeça bastante evidenciado, até então raros no Brasil , e uma conexão ombro-cabeça compacta , tornaram-se comuns no Showbird brasileiro atual .
Quando pensamos em características físicas no budgerigar , relacionada à sua forma, não devemos fazê-lo pela ótica Mendeliana , isso porque tais características são promovidas por recombinações gênicas relacionadas à morfologia da ave , e não pela ação isolada de um gene ou pela ação conjunta de dois ou mais genes específicos ,
como acontece no processo de seleção das cores do budgerigar , uma vez que os genes relacionados às cores já foram, na sua maioria, identificados e descritos quanto à sua hereditariedade, diferentemente dos genes morfológicos .
Por essa razão, a ação do criador no processo de seleção morfológica das aves,  relacionadas à sua forma e qualidade de penas , se torna ainda mais importante .
Essa seleção é que irá garantir , através das gerações , que as caracterísitcas físicas da ave sejam marcantes na hereditariedade , na sua descendência .        
Portanto, quando constatamos que um determinado patrimônio genético marca profundamente o fenótipo dos seus descendentes , isso certamente é sinônimo de que o processo de seleção morfológica e aprimorameto genético foi muito bem realizado,e que já se mostra sedimentado .
Foi exatamente o que aconteceu quando da introdução do patrimônio genético Lütolf no Brasil .
Infelizmente as atuais restrições à importação de aves atrapalham o avanço mais rápido no aprimoramento genético do budgerigar brasileiro. Estamos conseguindo superar barreiras como a disseminação da informação à todos os criadores brasileiros, apesar das dimensões continentais do nosso país, e até mesmo à América Latina de um modo geral .
A tecnologia encurta as distâncias e faz com que as informações circulem rapidamente. Esse processo permite-nos ter uma dimensão muito maior da distância qualitativa em relação aos magníficos Showbirds europeus, no entanto a nossa busca ao aprimoramento genético continuará sempre de modo incessante .
Acredito realmente que no caminho natural da evolução do showbird no mundo,
o desenvolvimento de aves que , além de grandes e compactas , apresentem penas longas  e sedosas, com direcionamento das penas da cabeça bastante evidenciados e também com penas que se mostrem mais longas na cabeça do que no corpo seja uma tendência muito forte . Essas características são marcantes nas aves de Daniel Lütolf  e, o mais importante , são claramente transmitidas na hereditariedade , constatação essa que , felizmente , pudemos observar na evolução do Showbird brasileiro .
          

                                                                                                                           
                                       Fúlvio Lucietto ( budgerigart.blogspot.com )